E eis que chegou mais uma semana, e com ela mais um
post no nosso blog. É realmente fascinante bem como surpreendente o público que
já conseguimos cativar e o feedback bastante positivo que temos vindo a receber
ao longo destes quase dois meses. Um muitíssimo obrigado aos nossos leitores,
pois sem vocês este blog não faria sentido ou em última instância nem sequer
existiria.
Foi uma semana já um tanto ao quanto rotineira na
medida em que estes 5 animadores continuaram a desenvolver o seu trabalho nos
locais de estágio, mas já falaremos disso mais adiante, até porque o que eu
tenho para vos contar agora foi sem dúvida o ponto alto da semana e uma das
partilhas/encontros culturais mais importantes que tivemos em toda a nossa
estadia aqui em Ceuta.
A manhã do dia 28 começou com vento de levante e por
volta das 10 horas o “bando” foi esperar Suhar á paragem dos autocarros que
haveria de chegar uns minutos mais tarde com as “suas mulheres” (como ela lhes
chama). Estas ditas mulheres são todas de origem muçulmana e neste momento
estão a frequentar aulas de castelhano lecionadas por Suhar. Mas esta pequena
grande mulher não se limita meramente a ensinar espanhol, antes pelo contrário,
a parte mais importante do trabalho realizado é sem dúvida a integração destas
no mundo dito ocidental, e levá-las a experimentar realidades e sensações diferentes
do que estão habituadas permitindo-lhes assim alargar os seus horizontes sempre
tendo em vista o objetivo primordial desta intervenção: A consciencialização da
importância da educação e a necessidade de ser educado para também poder
educar.
A boa disposição foi uma constante ao longo da
manhã e isso era percetível a léguas. Iniciámos então uma visita guiada ao
centro histórico da cidade onde estas senhoras tiveram a oportunidade de
conhecer um pouco melhor a cidade onde habitam através de um conhecimento mais pormenorizado
dos ícones da cidade (monumentos, edifícios, serviços, etc.). Depois de este
passeio mais “turístico” chegou então a hora de coisas sérias: A visita ao
Centro de Professores e recursos de Ceuta.
Ali tomámos o pequeno-almoço e
trocámos algumas impressões, sempre rodeados de um ambiente bastante positivo e
acolhedor apesar das barreiras linguísticas. Afinal de contas, para estas
mulheres era a primeira vez que estavam a contactar directamente e tão
aproximadamente com estudantes universitários, daí a estarem tão fascinadas com
a nossa presença. Tudo o que esteja fora da rotina diária delas lhes parece
fascinante, como uma nova descoberta. Por fim fomos até á biblioteca do centro
onde uma das funcionárias juntamente com Suhar lhes falou da importância da
educação incutindo – lhes o “bichinho” da aprendizagem, da leitura e da
necessidade de informação e conhecimento.
Foi também ainda neste dia que o curso de darya se deu
por terminado, sendo esta última aula um pouco diferente do que tinha
acontecido até então. Para terminar em beleza tivemos então a oportunidade de
conhecer alguns trajes próprios da cultura berbere bem como alguns ritos
tradicionais entre eles o casamento e o funeral.
Como foi já referido atrás, os estágios esta semana foram
o continuar do trabalho desenvolvido até então, sendo que nesta edição do nosso
blog vamos focar os aspectos mais relevantes.Marta e Vanessa começaram a semana no “taller”
de ginásio com as mulheres, a cargo da (professora de ginásio) Marilo.
Já na quarta-feira depois do curso de Dariya, foram tomar café com o
Pablo e conheceram um cineasta colombiano que se chama Yango que vai fazer uma curta-metragem
no deserto do Saara. Passaram um bom bocado a conversar sobre o que é a saudade
e, ainda os sentimentos que sucedem a seguir, no final mostrou o seu entusiasmo
e interesse em fazer uma curta-metragem sobre a saudade e o porquê desta
palavra ser tão portuguesa. Chega então a quinta-feira: Ultimo
dia de estágio antes das férias da Páscoa. Participaram numa festa muçulmana no
Centro Assessor da Mulher, onde presenciaram a preparação do Té Moruno, e ainda
tiveram a oportunidade de saborear alguns dos doces típicos de Marrocos.
Para finalizar a semana de trabalho foram às “Bocatas” José comer os
deliciosos camperos na companhia de Ricardo acabado de chegar e dos nossos já
conhecidos amigos Martina e Godino. No fim de jantar foram ver a Via-sacra e para
finalizar a noite foram ao Charlote beber umas caipirinhas e que nada têm a ver
com as nossas, pois as caipirinhas que conhecemos levam lima e não limão, e cachaça
e não vodka!
Já para Mipa, Ana e Fred a semana de estágio começou logo da
forma mais intensa, pois foram assistir ao julgamento de um menor que cometeu
uma tentativa de homicídio para com a sua mãe. A violência de filhos contra
pais é um fenómeno emergente no século XXI e que nos últimos anos vem a atingir
cada vez mais famílias em todo o mundo e ao contrário do que se possa pensar
este fenómeno maioritariamente ocorre em famílias de classe média alta ou mesmo
alta. A semana para estes estagiários também teve um acontecimento bastante
importante, pois na sexta-feira foram ao departamento de menores ter com a
chefe de área Antónia Palomo para entregar a primeira memória de estágio
referente às duas primeiras semanas passadas na equipa técnica.
O fim-de-semana chegou e com ele chegaram os primeiros
sinais de chuva. Ana rumou a Portugal para matar as saudades da sua família e
amigos, mas os que por cá ficaram também sentiram os odores e os sabores do
nosso tão querido país. Sábado no já habitual jantar comunitário, comeu-se
bacalhau com broa e viu- se o jogo do Benfica contra o Braga. Pois é, o Ricardo
namorado da Vanessa trouxe-nos um belo de um "bacalhauzinho" oferecido pela Tia Lena
(Mãe da Vanessa) que juntamente com a broa fez o regalo dos lusos deixando-os a
salivar e com os olhos cintilantes. Sem dúvida, algo a recordar com muito
carinho e também com muita SAUDADE.
Um cinzento dia de domingo chega… Neste dia saem os
primeiros “passos” da semana santa, mais conhecidos em Portugal como andores, mas
estes de uma magnitude, imponência e riqueza nunca antes presenciada. Mipa,
Marta e Fred juntamente com Martina e Godino foram ver então esta manifestação
cultural e religiosa que constitui um importante marco na vida das pessoas
desta cidade, onde se chegam a juntar dezenas de milhares de pessoas na rua só
para ver esta grande procissão.
Já para Vanessa e Ricardo, o dia começou
bem cedo com uma viagem de autocarro organizada pela Flandria bus, uma agência
de viagens de Ceuta. O destino: as cidades marroquinas de Tetúan e Tânger.
Durante a viagem o guia marroquino foi
dando a conhecer a cultura e os hábitos marroquinos.
Em Tetáun visitaram a
Medina que possui mais de 5000 ruas estreitas, que estão repletas de vendedores de frutas, legumes,
mobílias, roupas, etc, e não de produtos para turistas como acontece noutros lados.
É a verdadeira vida marroquina. É difícil
distanciar-se dos cheiros intensos a especiarias que se sente em certas ruas
das medinas marroquinas. Visitaram a Praça Hassan II,
onde se encontra o Palácio Real, o bairro hebreu ou Mellah, o zoco berebere, a
Medina etc.
Na Medina mais propiamente
numa casa de artesanato, viveram algo no mínimo estranho: o grupo de
turistas composto dois portugueses, um alemão e seis espanhóis foi dividido em
dois grupos sem razão aparente. Pois bem, Vanessa e Ricardo foram encaminhados
com um dos donos da casa para um salão, onde lhes foram apresentados vários
tipos de tapetes, feitos à mão, dos mais pequenos aos maiores. No final o Senhor,
ensinou-lhes duas palavras: Não= lá e Sim= Na'am
Vou mostrar os tapetes e vocês dizem
sim ou não consoante os produtos que querem saber o preço. Pois bem estes
portugueses não estavam minimamente interessados em saber o valor nem muito
menos comprar, e por delicadeza disseram “Lá” a dois tapetes. Qual não foi o
espanto, o homem pega no papel e escreve o valor dos tapetes, 250€ e pediu-lhes
que com uma caneta escrevessem os valores que estariam dispostos a pagar. Começaram
a dizer, que não estavam interessados e que eram estudantes, que o valor que
iriam colocar não valorizava o trabalho da pessoa que fez os tapetes O homem,
era insistente, um verdadeiro vendedor, e chegaram a ter algum receio, porque
ele quase que os estava a obrigar a comprar. No fim, lá conseguiram safar-se
dos tapetes mas não saíram sem comprar qualquer coisa, das mais baratas.
Ao meio-dia almoçaram num restaurante típico marroquino animado com folclore
tradicional e de seguida, dirigiram-se a Tânger onde visitaram a cidade
moderna, Praça de França, Boulevard Pasteur e alguns bairros diplomáticos
terminando assim a sua viagem de regresso a Ceuta.
Pois bem caros leitores,
assim foi a nossa semana 7 plena de aventuras e desventuras como já vos temos
vindo habituar sempre com novas histórias para contar já ao longo de quase dois
meses. Se quiserem continuar a saber mais sobre os feitos destes 5 portugueses além-mar
continuem-nos a visitar que seguramente não se vão arrepender.
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