sexta-feira, 30 de março de 2012

Simplicidade aparente, conteúdo abrangente – Semana 6 (19/03 a 25/03)



Ora viva caros leitores! Esperamos encontrar-vos bem em mais uma hebdómada de afazeres.
Eis que chegou a sexta jornada do bando em terras africanas, pois é, parece que já lá vão uns dias valentes de aprendizagem, e no cesto desta viagem já consta um molho imenso de experiências, um punhado idêntico de sensações e um frasco de maturação daqueles que custam a abrir e que não deixam sair a essência do seu conteúdo.


Numa perspectiva geral da semana se esta fosse feita através de um mapa, seria rua acima rua abaixo, local de estágio, casa, faculdade … mas tal como o nome da semana o indica, a simplicidade aparente não dita o que de abrangente se aprende.

 Começámos bem, para não variar, com uma sessão sobre entrevistas orientada e aconselhada pelo nosso caro José António. Desta pudemos retirar o mais importante da realização de uma entrevista, recomendações, tópicos para a sua correcta elaboração, aplicação e ainda formas de interpretar o conteúdo nas mesmas.

Quanto aos estágios, podemos dizer, num sentido figurado, que nos encontramos em “modo-esponja” pois a cada dia que passa “absorvemos” mais e mais conhecimentos relativos à área de intervenção escolhida.

Particularizando o estágio de Ana, Mipa e Fred, ao longo desta semana, estes tiveram a oportunidade de acompanhar os Educadores Sociais, Paco e Javi, ao que se chama “trabajo de calle”, onde puderam analisar o mais importante neste tipo de intervenção, o acompanhamento pessoal, o contacto com o menor, com a sua família, professores, ou seja, todas as pessoas que de alguma forma se relacionam com o mesmo.

Aproveitando que estamos a voltar-nos para o cariz mais prático, é pertinente referir que ao longo desta semana, Ana, Mipa e Fred também tiveram a oportunidade de assistir a dois julgamento.O primeiro foi realizado com o objectivo de obter a alteração da medida, uma vez que o menor não cumpriu nada do que lhe fora imposto, e o segundo para aplicação de uma medida de 9 meses de internamento a uma menor que foi detida com 1,400 kg de haxixe enquanto tentava efectuar a travessia de barco para Algeciras.

O mais curioso desta semana, mais concretamente destes dois julgamentos, verificou-se no facto de, a realização e participação nas audiências coincidir justamente com os dias em que os três estagiários fizeram a formação teórica referente à especificidade das duas medidas aplicadas.





Relativamente à formação que estão a obter é consensual que a aprendizagem até ao momento está a ser muito maior aqui, do que num semestre de aulas em Portugal, e isto deve-se à realidade que os rodeia, equipa que os acompanha e especialmente ao Francisco que lhes está a transmitir a essência do trabalho dos Educadores Sociais. E é óptima a sensação de poder aprender e estar perante um profissional que sabe efectivamente como intervir neste tipo de realidade, ainda para mais quando sabemos que o seu processo de formação foi inverso, começando ao contrário do habitual, a trabalhar na rua junto à realidade em questão.





Falando agora no estágio da Marta e da Vanessa, ao longo desta semana, estas puderam aprofundar os seus conhecimentos relativos ao departamento educativo do C.A.M (Centro Acesor de la Mujer) e a todo o seu funcionamento. Em breves palavras, o principal objectivo deste é educar para a igualdade, desde a Educação Infantil até à Faculdade, passando pelos Maiores. Deste modo, são realizadas actividades com vista ao desenvolvimento e valorização pessoal.
No decorrer da semana, as duas estagiárias tiveram a oportunidade de analisar o processo de cada mulher entendendo o motivo que as leva a recorrer ao centro C.A.M e também de que forma as actividades oferecidas por este as conseguem ajudar. Tiveram ainda a oportunidade de conhecer mais detalhadamente o “taller” de cerâmica, e aprender a técnica do Fimo com Esperança (coordenadora), aplicando a técnica através da realização de alguma bijutaria.







 
Chegando ao merecido fim-de-semana, o dia de Sábado para Marta e Vanessa foi composto por um conjunto de descobertas inesperadas, pois Jafida, uma das mulheres muçulmanas com quem trabalham, fez questão de as levar, sem que estas estivessem a contar, a visitar algumas das cidades de Marrocos.


A primeira Cidade que conheceram foi Castillejos onde puderam comprar os tão típicos “Pañuelos”. Depois seguiram para Tetúan, e pelo caminho foram conversando sobre a cultura muçulmana e sobre todo o panorama que estavam a visualizar, com encanto, pela primeira vez.














Puderam também constatar que todas as casas e mesquitas são brancas e azuis como sinal de pureza e protecção. Ao chegar à Medina, tiveram direito a uma visita guiada pelo local histórico e património UNESCO em Marrocos Ali tiveram ainda tempo para as tão desejadas compras, os recuerdos típicos, sempre acompanhadas pelos cheiros intensos e distintos, das especiarias, que pairavam no ar, e são estes que caracterizam este lugar tão difícil de descrever mas tão forte de sentir.




As ruas, essas estavam repletas de vendedores de frutas, legumes, mobílias, roupas e claro as peças feitas com pele, conhecidas por toda a parte do mundo (cabedal).






 Algumas curiosidades de Marrocos:
- Sexta-Feira é o dia festivo de Marrocos ao contrário dos cristãos que é o Domingo.
- 40 Litros de Gasolina = 30€
- Uma botija de Gás = 4€.
- 10 dirham =1 €
- Os táxis em Marrocos ficam a 0,30€ por lugar e não há limite de passageiros, o que significa que podem ir 5/6 pessoas para além do motorista.

No fim desta visita Marta e Vanessa estavam com muita vontade de provar o pescado marroquino, pois é bastante falado e apreciado não só pelos marroquinos mas também pelos turistas. Rumaram então até à cidade de Rincon, onde conheceram um restaurante fabuloso à beira mar que as deixou encantadas. E o encanto não era só visual, pois as travessas compostas de variedade de pescado, seguidas de uma agradável sobremesa de frutas fizeram as delícias das duas portuguesas. Por momentos sentiram-se em casa, mas com uma diferença …. em Marrocos quatro pessoas comem “a rebentar pelas costuras” por 35€.








Já todos juntos em casa, terminámos o dia com o Frederico a preparar o jantar comunitário, e para não variar não nos decepcionou e inclusivé nos fez remontar às nossas verdadeiras casas ao sabor de um apetitoso Frango de Fricasé.



Eis que chegou o domingo, dia em que ansiávamos poder visitar a tão conhecida montanha com um nome já tão conhecido por estas bandas: “la mujer muerta” pelo seu formato e história. Pois bem, o tempo não quis ajudar e impediu mesmo que pudéssemos sequer ter a ideia de sair de casa. (Aqui também faz mau tempo …)
E assim termina mais um episódio da série “5 Portugueses em Ceuta” em horário indefinido mas com a certeza de que entre dia 2 e 8 haverá mais para acompanhar...


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